-
Arquitetos: Merooficina
- Área: 205 m²
- Ano: 2018
-
Fotografias:José Campos
Descrição enviada pela equipe de projeto. O apartamento de Gonçalo Cristovão localiza-se no 15o piso de um edifício de habitação dos anos 60, no centro do Porto. Uma localização pouco comum e privilegiada, que proporciona uma vista panorâmica sobre a cidade. Percorrendo todas as divisões é possível perceber a zona da Ribeira e avistar a foz do rio Douro.
O apartamento insere-se num edifício projectado pelo arquitecto Marques de Aguiar, fazendo parte de um plano que incluía a construção de uma banda de edifícios e a renovação do eixo viário da Rua Gonçalo Cristovão, que marca uma época de planeamento urbano de algum positivismo veicular e a tentativa de alguma modernidade ocupacional, com a construção de altas torres e de blocos com várias unidades habitacionais.
Durante os últimos anos esta habitação foi ocupada como escritórios, o que transformou decisivamente alguns dos vestígios da sua construção inicial. No entanto, apesar de marcado por esta circunstância, apresentava ainda algumas das características invulgares da construção da época, como os seus detalhes construtivos, os pavimentos e alguns elementos.
A reabilitação proposta para o apartamento pretendeu ser neutra e silenciosa, repondo o seu uso original e procurando resgatar os elementos mais marcantes da sua construção, que se encontravam escondidos pela intrusiva presença anterior. As carpintarias das portas, o pavimento em taco e alguns elementos característicos, como o antigo exaustor em vidro, voltaram a aparecer e a marcar esta nova intervenção.
A intervenção mais definitiva, foi nas zonas húmidas, que estavam já decisivamente alteradas, onde, através da introdução de novas métricas e novas cores, se procurou enfatizar a morfologia e organização original e adaptar estas zonas às novas necessidades actuais.
Enquanto a intervenção mais visível e, eventualmente, mais provisória, foi a introdução de leves estruturas metálicas, junto à fachada, que tentam integrar algumas infraestruturas instaladas pela anterior ocupação e prover os espaços habitáveis de algum mobiliário, direcionando as atenções para a paisagem e ocultando cénica e fugazmente a cidade.